Na tarde deste sábado, após o almoço, resolvi descansar um pouco com minha esposa, enquanto minhas filhas brincavam com uma amiguinha em nossa casa. Nos deitamos e ficamos conversando, quando um vizinho de bairro resolveu mostrar toda a potência das caixas de som de seu carro. Lá se foi nossa paz. A "música" (entre aspas mesmo, porque não posso considerar aquilo música) que fez doer nossos tímpanos era do tipo pegajosa, que cola no cérebro e fica causando irritação. O refrão diz: "Você não vale nada, mas eu gosto de você." Não pude acreditar no que estava ouvindo. Como um ser humano pode dizer isso de outro? E como podem as pessoas considerar isso música para ser ouvida? A que nível estamos chegando?
Contendo minha indignação com a falta de respeito daqueles que nos faziam conhecer na marra seu (des)gosto musical, peguei-me pensando naquela letra e imaginei o que Deus pensa a nosso respeito. Por um lado, não valemos nada; não temos méritos que nos recomendem; somos todos pecadores carentes da graça divina. Mas a cruz de Cristo nos atribui profundo valor. Chega a ser um paradoxo: não valemos nada, mas valemos muito. Para Deus, somos tão preciosos que Ele enviou o próprio Filho para morrer em nosso lugar. Não valemos nada, mas Ele gosta de nós. Ele nos ama. "Com amor eterno Eu te amei", diz o Senhor, "por isso, com benignidade te atraí" (Jr 31:3).
Para fugir do barulho, decidimos ir passear numa praça. Quando passei pelos moços, orei por eles em pensamento, e pensei: não valemos nada, mas Deus nos ama mesmo assim.
Michelson Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário