Jornal O Estado de S.Paulo, 13.09.2009.
Elas estão no fim da linha do narcotráfico internacional. São recrutadas pelos chefões do crime organizado como "mulas" para transportar a cocaína produzida na Colômbia, no Peru e na Bolívia para a Europa e a Ásia - às vezes, no próprio corpo. Ameaçada por um nigeriano em um quarto de hotel no centro de São Paulo, a espanhola Maria, de 30 anos, soube ali que deveria ingerir 130 cápsulas com 10 g de cocaína cada uma. "Eu disse que não queria. Ele me atirou na parede e, segurando meus pulsos com força, me fez engolir a primeira. Fui engolindo uma a uma, encolhida na cama. Tinha de parar para descansar porque sentia ânsia."
Na 61ª cápsula, sua pupila dilatou, os olhos viraram, a boca começou a espumar. O nigeriano saiu. Voltou com laxantes e remédios para induzir o vômito, mas àquela altura a cocaína já havia se infiltrado no sistema sanguíneo. Duas cápsulas, com 20 g da droga pura, se romperam no estômago de Maria - uma dose letal varia de 1 g a 3 g. Nem o corpo robusto de quase 100 quilos foi capaz de suportar a overdose. Maria entrou em paranoia, tentou fugir do homem, acuada feito bicho pelos cantos do pequeno cômodo. Apagou. Lembra-se de alguém tirar sua roupa e colocá-la no chuveiro. Sentia uma pressão forte no peito. Apagou de novo. Foi encontrada nua, suja de vômito e fezes, desacordada no boxe da suíte, sob a ducha desligada. O homem fugira. Antes de sair, lhe disse: "Em poucos dias, você será encontrada morta."
Fonte: Realidade em Foco
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