O apresentador Boris Casoy protagonizou um vexame que tem tudo a ver com o bordão pelo qual ficou conhecido: “Isso é uma vergonha!” O Jornal da Band, que ele apresenta, levou ao ar saudações de Ano Novo de dois garis. Depois, enquanto eram veiculadas vinhetas, pôde-se ouvir a voz dele ao fundo, comentando com a equipe: “Que m...! Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras... dois lixeiros... o mais baixo da escala de trabalho!” O assunto foi tema de discussões acaloradas na internet e vídeos do ocorrido pipocaram no YouTube, o que fez com que no dia seguinte Casoy pedisse “profundas desculpas aos garis e aos telespectadores da Band”. Alguns acharam a desculpa muito burocrática e pouco convincente, não denotando arrependimento.
Não quero julgar o caráter do Casoy por esse fato isolado, nem tampouco seu pedido de desculpas; se foi sincero ou não, ele sabe. Mas o incidente mostra que, muitas vezes, é “fora do ar” que mostramos quem somos e o que pensamos. O que fazemos no computador, quando estamos sozinhos? Qual o nosso comportamento atrás do volante, no trânsito congestionado? Como tratamos a esposa e os filhos, em casa, longe do olhar dos amigos? Como fica nossa produtividade e fidelidade ao trabalho quando o chefe está fora?
Em agosto do ano passado, um fato semelhante ocorreu no site catalão Diario Barcelona. Um programador de internet distraído resolveu dar uma escapada para aproveitar a praia num dia de calor intenso, e isso custou caro para o jornal online: por aproximadamente dez horas, a página principal do site estampou a foto de uma atriz pornô seminua. O que aconteceu foi que, ao tentar publicar uma notícia, um estagiário anexou inadvertidamente a imagem pornográfica na capa do site e o responsável pela programação não se deu conta, liberou a foto e foi para a praia.
Nos casos acima, o que acabou indo para o ralo foi a reputação de algumas pessoas e, talvez, dos meios de comunicação em que elas trabalham (pelo menos alguns arranhões ficam). Só que o cristão deve se preocupar não apenas com a reputação, mas, sobretudo, com o caráter. Deve se lembrar de que "nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser conhecido" (Lc 8:17) e que "Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14).
Michelson Borges
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